Uso da CIF na prática clinica
Desafios e benefícios dessa poderosa ferramenta no Brasil

O que é a CIF?
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), foi criada com o objetivo de organizar e unificar a forma de se classificar uma incapacidade ou funcionalidade dos pacientes através de uma linguagem comum, que possa ser utilizada por sistemas de saúde e gestores. Esta unificação permite, dentre outras vantagens, que os profissionais tenham uma troca mais precisa de informações e que as mesmas possam ser usadas para análises estatísticas posteriores.
Criação
A CIF foi aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em sua primeira versão para uso no ano de 2001. Desde então ela foi utilizada para medir aspectos da situação geral de saúde da população em 71 países, segundo dados da OMS.
Impacto
A utilização de um conjunto de ferramentas comum permite que todas as condições sejam comparadas através de uma mesma métrica: O impacto nas funcionalidades do indivíduo.
Classificações
Atualmente a CIF possui quatro grandes áreas de avaliação, são elas: Funções do Corpo, Atividades e Participação, Fatores Ambientais e Estruturas do Corpo. Cada uma dessa áreas subdivide-se em subáreas ou seções/capítulos, assemelhando-se a uma estrutura organizacional em forma de árvore. Onde para cada nível que se desce na árvore, aumenta-se a especificidade do código utilizado.
Como a CIF é utilizada no Brasil?
Atualmente o uso da CIF por profissionais de saúde no Brasil ainda se encontra em estágios bastante iniciais, pois a sua utilização exige treinamento e comprometimento com uma forma de avaliação dos pacientes que englobe todos os aspectos funcionais da mesma.
Segundo um estudo realizado pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI) em 2020, 90,32% dos profissionais de fisioterapia na cidade de Teresina-PI conhecem a CIF, no entanto somente 29,03% a utilizam para classificar os pacientes.
O mesmo estudo inferiu que apesar de 87,09% dos profissionais entrevistados considerarem a CIF importante para o diagnóstico dos pacientes, 64,51% a consideram complexa e que este é um fator que dificulta a sua aplicação.
Complexidade
A CIF pode ser considerada complexa devido a estrutura de seus códigos ser composta por letras e números e sua combinação gerar cerca de 1450 classificadores distintos, além disso cada área de avaliação possui seus próprios qualificadores que devem ser utilizados obedecendo uma ordem de apresentação.
Durante a prática os profissionais realizam diversos testes e a depender do resultado desses testes devem escolher qual código melhor representa a incapacidade e funcionalidade do individuo, sendo o tempo de procura do mesmo e necessidade de realizar outros atendimentos um fator limitante.
Conclusão
Classificar as funcionalidades e incapacidades utilizando um conjunto de ferramentas unificado é uma excelente forma de integrar os profissionais de saúde e gestores sob uma mesma linguagem e por sua vez utilizar os conhecimentos extraídos para melhorar a experiência dos portadores de incapacidades tanto em sua esfera pessoal quanto no seu relacionamento com a sociedade.
Resolver os fatores limitantes ao uso da CIF se torna algo imperativo para que o mesmo seja utilizado em larga escala no Brasil. Ferramentas que tenham capacidade de diminuir a fricção no uso dos códigos da CIF no dia a dia podem contribuir como facilitadores nesse processo.